“Naquele cai e não cai, naquele vai e não vai”, era ao frevo que o “Pagode Russo” de Gonzaga se remetia, ao comparar o ritmo pernambucano, em sua ligeireza e improvisação, ao Trepak, a dança russa dos cossacos.
De sanfona a postos, o aniversariante do dia, nascido em Exu no Sertão há 112 anos, exaltava a sonoridade nordestina para além do forró e seus desdobramentos.
Aliás, desde a década de 1940 em composição própria “Caí no Frevo”, Luiz Gonzaga do Nascimento era gênio em um fazer artístico múltiplo.
E para celebrar o nascimento da majestade do baião vai ter festa regada aos dois gêneros Patrimônios Culturais Imateriais, o frevo e forró, com o Cortejo Gonzaguiano que abre alas no Recife neste 13 de dezembro, a partir das 14h.
A festa, idealizada pelo Paço do Frevo, tem saída do Memorial Luiz Gonzaga, no Pátio de São Pedro, e a culminância do arrasta-pé ecom o ritmo que “toma o corpo e acaba no pé” acontece às 17h em frente ao Paço do Frevo, em palco montado e aberto para cantorias de artistas e público.
Passando pela Rua do Fogo a Av. Nossa Senhora do Carmo, Martins de Barro, Ponte Buarque de Macedo, Rio Branco, e ruas do Apolo e Barão Rodrigues Mendes, os Sanfoneiros da Sociedade dos Forrozeiros Pé de Serra comandam a festa.
Nomes como Ronaldo Aboiador, Juba Valença, Marrom Brasileiro, Ed Carlos e o sanfoneiro Damião Mota também participam da folia sanfonada.
“Caldo Cultural”
Como bem disse Luis Vinicius Maciel, analista de Pesquisa do Paço do Frevo, sobre o relacionamento entre o frevo e o forró, é que “tem a ver com a história de cada um desses gêneros, dessas expressões”, como manifestações culturais que são.
Luis reforça sobre a conexão entre os gêneros, lembrando o quanto se confundem quando, por exemplo, se ouve um arrasta-pé de quadrilha e já se remete ao frevo.
“Quando você pega um frevo que desacelera um pouquinho e já está fazendo uma quadrilha”, pontua ele, complementando que
“Nas ruas de Recife e de Olinda se percebe orquestras de frevo tocando composições do mundo junino, e há também o mundo do forró nas orquestras de frevo (…) esse trânsito existe e é muito forte”.
Levar a cultura do Nordeste, Brasil e mundo afora foi um dos feitos de Gonzaga, e ser conhecedor de ritmos integrava seus feitos na arte, gênio que era.
Frevos como “Ao Mestre com Carinho”, em celebração a Capiba; “Bia no Frevo” e “Arrasta Frevo” são exemplos de canções gravadas pelo Rei do Baião em menção ao ritmo do Carnaval pernambucano, tal qual o que fez na década de 1940 com “Caí no Frevo” – uma marcha-frevo que também embala na sonoridade do samba.
Serviço
Cortejo Gonzaguiano
Quando: Sexta-feira (13)
Onde: Concentração às 13h no Memorial Luiz Gonzaga (Pátio de São Pedro), com saída para o Paço do Frevo e show em frente ao museu, às 17h
Acesso gratuito
Informações: @pacodofrevo
Da FolhaPE